POLITICAS ERRADAS CONTRIBUÍRAM PARA ÊXODO DA POPULAÇÃO SERRANA
O golpe de estado de 28 Maio 1926,levado a cabo por militares, politica e intelectualmente pouco preparados,esteve na genese do inverno demográfico que ainda hoje , afecta muitas regiões de Portugal.
No concelho de Pampilhosa da Serra, na década de 1920, criação de gado caprino,seria uma das principais fontes de rendimento, das populações.Igual situação se verificava noutros municípios, nomeadamente, denominada Comarca de Arganil, ( Góis , Pampilhosa e Arganil ), também em vários situados nas zonas montanhosas de Portugal.
Com objectivo, de " disciplinar " apascentamento de gado caprino em terreno alheio, promulgaram os dirigentes da ditadura militar , Decreto nº13658 de 23 de Maio de 1927, cujo artigo 23º estipulava :
Só é permitido, possuir cabras , não estabuladas, aos proprietários ou arrendatários de terrenos bastantes, para apascentar este gado e sempre mediante licença da câmara municipal, requerida e renovada anualmente, que cobrará taxa fixa por cabeça caprina, devendo os requerentes ser pessoas idóneas para assinar termo de responsabilidade pelos danos causados.
& 1º Os donos de gado caprino, que invada propriedade alheias, ainda que possua a licença passada pela câmara ou transite de noite fora das propriedades onde tenha licença par pastar, incorrem nas penas fixadas nos artigo 44º da reorganizarão dos serviços de policia florestal, aprovada pelo decreto de 3 de Novembro 1926.
& 2º Os donos dos prédios invadidos por gado caprino poderão apreende-lo na presença de duas testemunhas, e entregá-lo a câmara municipal na sede do concelho, ao regedor da respectiva freguesia ou aos guardas florestais e guarda republicana, no caso de existirem na localidade.
O efectivo caprino no Município de Pampilhosa da Serra em 1930 ultrapassava duzentas mil cabeças.Esta legislação provocou elevado numero de querelas na justiça, e conflitos entre pessoas e mesmo, entre aldeias vizinhas.
O regime Salazarista, consolidado pela Constituição política de 1933, não revogou esta legislação, pelo contrário agravou-a com apropriação dos baldios.
Durante a década 1930, a população, tentou resistir, mas coimas, e a vinda de mais guardas florestais, conduziu ao desanimo.
A licença camararia custava $50 centavos por cabeça, quem tivesse 20 cabras, pagava 10$00, um dia de salário de assalariado rural. A multa estabelecida pele artigo 44º. era 4$00, por cabeça, Uma enormidade,
No final da década assistiu-se venda maciça dos rebanhos, e debandada para Lisboa e Porto. Aquilo pensavam ser fonte de receita para Estado e Câmaras, resultou afinal, em ruína de pessoas e povoações.As políticas erradas são algumas vezes causas do mal dos povo. Aqui embirraram com cabras, e acabou tudo a "marrada ".
A aldeia das cabras na aldeia das Moradias, mostra actualmente o caminho a seguir, para recuperar o valor económico da caprinicultura. Quem sabe, o exemplo será principio de tempo novo. Oxalá. A cabra da foto parece tranquila quanto ao futuro