CASA DA PORTELA
Nas recordadas memórias da infância uma paisagem amiúde surge e povoa a planície sem fim por onde se estende a minha saudade.
Numa das colinas da margem direita da Ribeira de Moninho pouco acima da foz da Ribeira da Póvoa, na prolongada curva no fim da recta seguir a ponte a estrada nacional 112 Pampilhosa - Portela do Vento, descreve avista-se panorama grandioso de onde sobressaem os antigos terrenos de cultivo verdejantes, agora quase todos de pousio, mais adiante as casas do nosso amigo Zé Reis,na quinta dos Marmeleiros.
Neste ponto a curva foi rectificada, antigo piso da via poderia ter sido aproveitado para área de .estacionamento e miradouro; infelizmente, não foi...
Fronteiro a este local em airosa situação ficava quinta da Portela e a imponente casa de habitação dos caseiros, sempre cuidadosamente, caiada por isso, se destacava do verde escuro do cerrado pinhal que rodeava a propriedade.
A casa da Portela avistava-se de muito longe, até do coratão de Vale - Covo onde eu morei, era visível.Pela singularidade do panorama aquela casa despertava fantasias na minha imaginação infantil.Nunca soube a quem pertencia, vagamente meu avô Augusto falou-me na origem dos caseiros, já esqueci.
Ocasião que estive mais perto quando visitei sitio do Vale dos Enxames,onde existiu " fábrica " de telha parceria do nosso avô com Ti Albano da Eira.
Nada resta da alva casa da quinta da Portela,talvez ruinas das paredes,não sei.
Para mim continua como sempre vi distante, branca, misteriosa e bela.
Assim será até que extinga a luz da derradeira ilusão