CAMINHO NO MAR DE EUCALIPTOS
Tempo estranho, estamos vivendo, medo e ansiedade instalados, resultando de apocalípticos cenários traçados por "especialistas" avisando possibilidade do crescimento incontrolado deste surto de infecção epidémico,pode provocar razia nos grupos de risco, onde,infelizmente, estou incluído; tem levado algumas ocasiões, inesperadamente,resolva ir antes, que tenha o fatal percalço, visitar locais onde programei ir, por várias razões,fui adiando.
Um dia destes,decidi fazer caminho, que meu avô materno,muitas vezes percorreu,quase sempre para comprar milho. quando produção caseira, em tempo de más colheitas, não dava cereal suficiente para farinha da broa.
Esse caminho, ligava sede da Freguesia de São Simão de Pessegueiro, a farta e prospera aldeia das Malhadas da Serra, situada também naquela freguesia.Preparamos farnel, acondicionado na arca de " levar a praia ", ai vamos nós.
Traçado rumo, depois de consumir parte do " avio ", numa dilatada paragem na nossa casa na vila de Pampilhosa da Serra, chegamos as Malhadas da Serra, seriam três da tarde.
Saímos da estrada nacional 112, direcção a aldeia por íngreme caminho amplo, bem asfaltado, onde alguém,dentro de automóvel, estacionado a sombra, falava ao telemóvel, pensamos seria, talvez, falta de rede no povoado; estava muito calor.
Passado casa desabitada do antigo guarda florestal,curvas, e mais desnível , chegamos a aldeia. Dei volta sem estacionar, e tomei o caminho queria conhecer, a placa indicava Pessegueiro.
Descemos cada vez mais , curvas e contra curvas, bom piso. Não se vislumbra viva alma,de repente depois de mais uma curva, com aldeia lá no alto, aparecem casas modernas de traça adaptada ao local,a " seta " informa " casas do Couratão".
Decidimos não sair do nosso rumo, continuam as curvas, é preciso cuidado a estrada não tem railes de protecção, qualquer pequeno deslize pode ser morte do artista.
O vale da lendária Ribeira da Loisa, outrora, produzindo moios e moios de milho, está hoje, tomado pelo mato, votado ao abandono. Quantas vezes ouvi este nome, agora aqui estou pela primeira vez, tudo soa diferente ao que me contavam.
De repente, numa curva sinal, chamando a atenção para "trabalhos florestais ", deparamos grandes maquinas com grua, mais abaixo, outra ia cortando madeira.
Paramos no recanto de uma barroca, de repente reparei, as lombas em redor até onde podia alcançar , tudo coberto de eucalipto. Estávamos no meio de um mar deles. Seria assim até próximo Pessegueiro.
Quando finalmente parei contemplei a praia fluvial onde grupo significativo de pessoas se refrescava, ainda mais interiorizei impressão causada pela viagem naquele mar de eucaliptos; meu avô, quando por ali andou nem sonhava um dia o neto iria " sulcar " de carro.
Para amenizar vista das casas do couratão tal qual avistei da estrada.