Referindo a época quando foi introduzido cultivo de milho na região da Pampilhosa, escrevi recentemente texto neste blogue
Retomando a temática,gostaria de realçar importância da farinha daquele cereal, na melhoria da dieta alimentar das populações serranas. Centeio ao longo de séculos principal origem do pão consumido pelas gentes da montanha, seria suplantado pelo de milho, a broa.
Todavia além da broa passou, igualmente, ser apreciada outra " iguaria ", muito ,confeccionada com farinha de milho, textura mais grossa papas, ou CAROLOS.
Para se obter a farinha para os carolos, era preciso levantar mó móvel dos moinhos, assim o cereal era " estroçoado ", resultando da moenda, farinha grossa, própria para as papas.
Normalmente, as papas depois de cozidas eram vazadas em prato de louça meio fundo deixando arrefecer em local ventilado; nossa avó materna , colocava sobre as papas uma gaze para proteger dos insectos.
Quando estava suficientemente esfriado, ficava espécie de pudim, sobre os carolos, usavam barrar com mel. Uma delicia, e boa alimentação.
O milho cereal cultivado obrigat´riamente em regadio, começou ser semeado em locais onde existisse agua.
Segundo documentação do nosso arquivo, na Pampilhosa e arredores, o milho, por volta de 1785, passou ser cultivado, nos seguintes , locais.
BOTELHEIRAS , BORDALO , CORGAS MATOSAS, COVANCAS ,RIBEIRA DE PRAÇAIS, RIBEIRA DE MONINHO, REBEÇA, VALE DO ABUTRE, VALE COVO , VALE DAS COLMEIAS, VALE DA SERRA, VALE DO PEREIRO, VARZINAS,e no POMAR.
Conheço localização de quase todos estes sítios. O cultivo expandiu-se para outros locais; a partir de 1850, com a construção de " lodeiros " e levadas para a margem da Ribeira, e também para , barrocas onde se ergueram "açudes".
Ficará para a próxima falar desses aspectos. O milho foi uma bênção permitiu alimentação mais substancial as gentes da nossa terra.
Foto exemplo de campos para cultivo de milho, na Ribeira de Praçais
Vou concluir divulgação do relatório da Camara Municipal relatando o estado socio económico do concelho em 1936.
O rio Ceira, devido ao acidentado do leito e ao declive as águas correm vertiginosamente.
O rio Unhais. aparte as proximidades da sua origem na descida do Picoto, não é muito acidentado, sem muito declive mas estreiteza do seu leito obriga as águas a uma compressão que quando das enchentes, vão destruir muitas vezes as propriedades, pontes, moinhos, açudes etc. E o que sucede com o rio Unhais sucede também com os seus afluentes e nestes ainda mais gravemente.
Vem já de gerações passadas o abuso do alargamento das pequenas propriedades para o leito do rio e ribeiros ou barrocas afluentes, um agricultor para cultivar uma mais estreita leira de terra , que lhe dão mais que escassos alqueires de milho, avança com as paredes marginais dos seus prédios, dois três quatro , cinco ou uma dúzia de palmos para o leito dos cursos de agua, e como o abuso é um incentivo para os abusos de muitos, tem se praticado isso em larga escala quer no passado quer no presente. E para isso não tem necessidade de licença, tem-se feito UM SEM CERIMÓNIA COMO ESSE RIO OU RIBEIRO FOSSE; SUA PROPRIEDADE EXCLUSIVA.
Muitos dos prejuízos ocasionados pelas cheias no concelho da Pampilhosa, devem-se a esses abusos generalizados do estreitamento dois rios e ribeiros, e o lançamento de entulhos nos mesmos.
São várias as causas que contribuem para a pobreza do concelho e obrigam os SEUS EXCESSOS DE POPULAÇÃO A GANHAR A SUA VIDA NOUTRAS REGIÕES; PARA ONDE AS DURAS LEIS DA EXISTÊNCIA OS OBRIGAM A SAIR PORQUE NO CONCELHO NÃO ENCONTRAM RECURSOS PARA VIVER.
Só Deus sabe as dificuldades e privações de toda a ordem que mantêm numa servidão económica a quase totalidade das ordeiras e laboriosas populações dessas centenas de pequenas aldeias, dessas causas umas são naturais, devido a topografia do concelho e outras são consequencias lógicas dos erros e ignorância dos homens dos seus abusos e falta de compreensão dos seus deveres.
Contra as primeiras nada se pode fazer, quanto as segundas, o melhor remédio é educar e instruir o povo, primeiramente, porque de contrário é QUERER EDIFICAR NA AREIA. "
A guisa de conclusão,direi, o Governo não satisfez a ajuda solicitada. As cheia frequentes além da componente natural e imprevisível,causavam prejuízo por incúria dos agricultores, e falta de capacidade humana económica e incompetência das autoridades locais.
A Pampilhosa era terra onde pouco se respeitava a lei, roçavam mato e cortavam lenha na propriedade alheia, pescavam nas ribeiras por envenamento das aguas, ou lançamento de explosivos destruindo tudo. Este costume estava tão arreigado mesmo depois de estarem fora quando voltavam a terra para descanso, os naturais continuavam a prática,
Leis absurdas e dificeis de aplicar como a proibição de circulação para pastar do gado caprino, e coima de um escudo por cabeça de animal encontrado fora dos currais, obrigou venda ao desbarato e permitiu bom lucro aos negociantes de gado, " marchantes " com aqui se dizia, ficando as populações sem um meio de governar a dura vida
Tudo isto contribuiu, actualmente a população residente no concelho, seja cerca de 3.000 habitantes, vinte por cento do que era em 1950.; continuar assim, não sei onde iremos parar,
Caso para dizer ao tal " comentador ", este " gajo " foi buscar aqui outras fontes credíveis o que afirmava e afirma, NÃO INVENTO NEM INVENTEI NADA . Desculpem desabafo; boa leitura.
Continuamos a revelar o quadro confrangedor do concelho, conteúdo da exposição enviada pelo Municipio ao Governo em 1936.
"Se ao menos aquelas pequenas propriedades, que tantos sacrifícios custaram oferecessem segurança e resistência contra essas tempestades!, Mas situadas quantas vezes, nas margens nas proximidades dos rios e ribeiros, de leitos encostados e apertados, são essas propriedades invadidas pelas correntes impetuosas,das aguas descidas das montanhas, que umas vezes levam toda a terra deixando a penedia escalvada,outras cobrem a terra com verdadeiras montanhas de cascalho.
Ainda se a terra fosse fértil e rica de produtos químicos necessários para boas produções como é a terra em diversas regiões, mas, pelo contrário a terra é pobre estéril, produzindo escassas colheitas e essas mesmo a custa dos maiores trabalhos no seu amanho e ser tantas vezes abundantemente estrumada.
Verdade seja que a escassez das colheitas e quantas vezes a má qualidade dos produtos da terra, se deve não só a pobreza e esterilidade desta , mas também a profunda ignorância ao rotineirismo dos agricultores, consequência lógica e inevitável da falta de instrução.
É o concelho de Pampilhosa banhado por três rios de uma certa importância e que correm de oriente para o ocidente. São eles o Ceira, que banha a freguesia de Fajão a norte do concelho,o Unhais que nasce na serra do Picoto - um dos contrafortes da Estrela - no alto do concelho, ou já no concelho da Covilhã, percorre toda a parte central do concelho da Pampilhosa, em toda extensão do seu comprimento,banhando as freguesias de Unhais, Cabril,Pampilhosa Pessegueiro, Machio, e Portela do Fojo, seguindo por Pedrogão; e o Zêzere que entra no concelho de Pampilhosa nas proximidades de Dornelas,para dele sair além de Janeiro de Baixo, e voltando depois a servir de limite do concelho, até perto de Pedrogão.
É este último o mais importante e que toma maior volume de águas, mas apesar disso é geralmente o que menos prejuízos ocasiona nos prédios marginais o que se explica muito facilmente: tendo um leito bastante largo e espaçoso e muito pouco acidentado, o seu grande volume de águas na época das cheias que por vezes submergem numa grande largura as propriedades das margens, os chamados lodeiros, forma uma corrente branda que inunda e raramente destrói.
Outrotanto não sucede com o Ceira e o Unhais e com os ribeiros ou barrocas afluentes."
Recordo determinada ocasião numa cerimónia publica, defendi ideia a causa principal do êxodo das populações serranas,ficou a dever as condições de vida, e penúria da maioria dos habitantes das serranias da Cordilheira Central. Ouvi perfeitamente alguém na assistência,dizer para pessoa próxima " onde é que este gajo foi buscar isto ". Claro fiz ouvidos de mercador. Estava. e estou certo de tal facto.
Descobri agora, documento enviado ao Ministro do Interior,pelos responsáveis da Camara Municipal de Pampilhosa da Serra, a propósito dos avultadissimos prejuízos causados no concelho, por devastadores temporais ocorridos no final de 1935, pedindo auxilio, fazendo pormenorizada narrativa da situação social económica geográfica do Município, verdadeira " radiografia " do concelho,a oitenta anos.
Vou publicar na integra, parcelarmente para não ser fastidioso, deixando, comentários para ultimo texto...
O concelho de Pampilhosa é constituído por uma cadeia de montanhas, áridas, tristes e desarborizadas, cobertas de urze umas, de penedias outras; montanhas essas que ocupam a quase totalidade da área do concelho e que pelo seu aspecto desolam o espírito do observador.
Os terrenos de cultura, diminutos, insignificantes, deficientissimos para abastecer a sua população são constituídos por algumas apertadas courelas, algumas acanhadas leiras, na encosta e no fundo dos vales, nas margens dos ribeiros ou rios.
Só Deus sabe as canseiras, as torturas e os dolorosos sacrifícios dos camponeses e agricultores das gerações passadas e dos ainda vivos, para arrotearem essa terra, romperem essas penedias, para assim fazerem essas acanhadas courelas essas estreitas leiras ! Cada palmo de terrenos de cultura, no concelho representa muitíssimas gotas de suor desses sacrificados da terra.
Aspecto fachada do edifício antiga camara municipal na Pampilhosa
De onde menos se espera, surgem ocasionalmente, elementos permitem ter mais adequada percepção do ambiente social económico determinada região em dada época.
No caso consulta de simples horário da carreira de camionagem ligando a Vila de Pampilhosa a estação de caminho de ferro da Lousã, possibilita com veracidade conhecer alguns factos relevantes,
O tempo necessário para percorrer distancia de 50 quilómetros 3 horas e 30 ou 35 minutos, demonstra, estado degrado da estrada, cuja chegada a vila se havia verificado 4 anos antes. Elucidativo da qualidade da obra realizada .
Ainda não era importante em Fevereiro de 1936, a catraia da Martinha, no Rolão, a carreira nem lá parava, demorando pelo contrario 15 minutos na catraia do Farropo.
A catraia do Rolão iria prosperar graças a construção da Barragem de Santa Luzia, e pelo facto dos materiais necessários ao empreendimento, serem transportados pela estrada de Fajão Vidual partia precisamente do Rolão.Sendo aqui ponto de paragem obrigatório.
Uma prova Pampilhosa seria durante dilatado tempo terra de lonjura, não pela distancia a percorrer mas devido tempo gasto para lá chegar...
Desde tempo recuado sabíamos da produção de milho miúdo ou painço,não utilizado para panificação.
O tipo de milho dito graúdo,originario do México,seria introduzido em Portugal, no inicio do século XVIII,começando cultura deste cereal nos campos do Mondego a sul de Coimbra, perto de Maiorca.
Na região da Pampilhosa da Serra, consumo do pão de milho, ou broa,seria vulgarizado a partir começo século XIX.
Sendo milho planta necessita de rega para crescer,tive curiosidade averiguar onde seria primeiro sitio onde havia sido semeado,na zona da Vila.Com trabalho e alguma fortuna consegui.
Quem teve ideia exprimentou cultivar novo cereal na nossa terra, seria nosso já conhecido despótico Francisco da Costa de Mesquita, natural da Lousã, residente na Pampilhosa onde exercia cargos importantes, de âmbito judicial e camarário.Deve ter trazido semente da terra natal, decidindo semear, na Quinta de São Silvestre, onde existiam " chãs de regadio".A agua chegava através de levada, vinda da Ribeira da Póvoa, pela lomba do colina denominada " alto da Praia da Cadela ".
A propriedade, pertencia a João de Lemos, senhor do morgadio da Quinta da Feteira, a quem Costa de Mesquita , pagava foro.
A levada primeira, a ser aberta na região da Vila, deve ter sido construida,em 1735, por Vicente Caldeira de Brito, o celebre Corvo, mulherengo de nomeada teve mais parceiras e filhos que um sultão.
Em 1785,na área da quinta de São Silvestre, se estendia desde o alto do Covão ao cimo da quinta das Garrazelhas, até a Foz da Moura, onde está restaurante da Santa Casa da Misericórdia da Vila, produziam-se cerca de 25 alqueires de milho. No extrato do documento podemos ler "dez alqueires de milho ".
A barragem de Santa Luzia,seria aquilo poderemos apelidar "golpe do baú". Não enuncio esta ideia por qualquer motivo não seja repor verdade, e fazer justiça, referindo barbaridade, foi vitima a aldeia afogada de Vidual de Baixo, e indiferença e desumanidade como o Governo do Estado Novo,tratou o povo daquela povoação
Os estudos preliminares,indiciavam possibilidade devido a reduzida bacia de retenção das águas, quando ocorrem-se anos sucessivos de estiagem, a albufeira corria risco ficar completamente seca: Aumentaram a altura do dique dos inicialmente previstos, 65, para 75 metros. Malgrado tudo isso, foram obrigados a fazer a pressa, transvase do Rio Ceira, através de túneis, cometendo assim grave desmando ecológico, pois passaram sem qualquer estudo agua da bacia hidrográfica do rio Mondego para a do rio Tejo.
E para quem julgue, tudo se concretizou, a revelia do ditador Oliveira Salazar, aqui fica prova; o senhor Presidente do Conselho, concordou desde começo com toda a "tramóia ".
Ao fim e ao cabo quem pagaria com lingua de palmo seria o Concelho da Pampilhosa da Serra.
Enquanto cá andar não vou deixar se esqueça todo mal que nos fizeram.
No século XVIII, quotidiano da maioria dos habitantes do concelho da Pampilhosa, atribulado e difícil,devido ao poder despótico exercido,pelos poderosos da terra,sem respeito,pela vida e pertences da pobre gente serrana.
Em desespero de causa,centenas habitantes do concelho,fizeram chegar a rainha Dona Maria I, extensa e pormenorizada queixa. A soberana em face a da situação,ordenou a juiz da Correição de Tomar, onde Pampilhosa, esteve adstrita durante dois séculos, se deslocasse a vila serrana para localmente se inteirar.O magistrado respondeu, enviando documento a seguir transcrevo, de cópia possuo no arquivo pessoal, verdadeiro compendio de história da Pampilhosa, em 1792. Actualizei grafia :
Foi Vossa Majestade, servida mandar-me remeter os requerimentos e reciprocas queixas dos lavradores e moradores da vila e termo da Pampilhosa, do bacharel Francisco da Costa de Mesquita, de José Caetano de Mesquita, e do capitão Custódio Homem Castelão, ordenando-me Vossa Majestade,em provisão de 6 do corrente mês,que sem perda de tempo passasse a fazer nova e mais exacta e relatada averiguação sobre a matéria delas e procedimento e modo de vida do dito capitão e seu filho, ouvindo pessoas desinteressadas,avocando os autos de devassa ou diligencias que a este respeito fizesse qualquer dos meus antecessores e finalmente procedamos nesta devassa que nada respire antes nem depois dela.
Esta diligencia Senhora com a execução que vossa Majestade ordena e o caso pede não pode fazer-se senão na própria vila da Pampilhosa com muito vagar e trabalho, e dispêndio de muitos dias. Aquela vila fica na mais remota extremidade da comarca, distante desta capital catorze léguas para o nordeste.Como vossa Majestade requer brevidade do informe sou obrigado, a por todo referido, na sua Real presença rogando-lhe que me haja por escuso desta diligencia a qual com maior comodidade poderá ser expedida por qualquer Ministro de Coimbra que ficam mais perto, ou da vossa correição de Arganil, para onde vossa Majestade desmembrou a dita vila, em beneficio da proximidade.
E no caso de vossa Majestade sem embargo do referido seja servida que eu vá fazer então represento a vossa Majestade que pela natureza das averiguações não pode deixar de respirar a quantidade de diligencia que somente no modo de substância dela se poderá guardar o segredo recomendado.
E como a dita diligência seja de grande trabalho e haja de fazer-se a maior das partes numa terra tão estéril que será necessário levar de fora até o quotidiano e ordinário sustento, virá a ser muito penoso tanto para mim como para os meus oficiais empregarem nela tantos dias pelos ténues diários salários de nossos oficiais e assim peço a vossa Majestade, arbitrar a mim e a eles nesta diligencia salário equivalente ao trabalho e a despesa e autorizar-me obrigar as partes que requerem a prepararem ou para os constranger depois de findos reatar toda a quantia que montar.
Vossa Majestade procederá sobre tudo com a costumada Real sabedoria e justiça.
Tomar, 20 Setembro 1792
Ficamos sabendo ao tempo, Pampilhosa havia , infelizmente sido do ponto vista judicial anexada a Arganil.Pampilhosa era terra tão carenciada até "avio" era obrigatório trazer de fora.Tudo devia ser realizado com muito sigilo; a influencia dos poderosos, deitava tudo a perder , se algo transpirasse
Posso adiantar seria feita " devassa ", no entanto o capitão Custódio de tal modo poderoso moveu céu e terra , terminando tudo em aguas de bacalhau,a maioria dos queixosos, teve emigrar porque além ficaram sem nada foram vitimas de perseguição e violência como retaliação do despota.
Era este ambiente de " paz e concórdia " na Pampilhosa naquela época.
Continuando no roteiro ,iniciamos publicação em anterior texto,dou a "estampa",as recordações de uma moenda de azeitona ainda conheci.
Lagar do cabecinho, também lagar de baixo, o que resta dele está situado, na Vila de Pampilhosa da Serra. Saindo antigo largo do mercado, actualmente, está busto do saudoso Presidente da Camara José Henriques da Cunha, "mergulhando" por pequena descida, na estreita rua do Perrinho, encontramos a primeira saída a esquerda, esquina da casa do Ti Ernesto,tomando caminho de terra batida, passando a porta do antigo açougue municipal, chegamos a porta larga do lagar; a direita no outro lado da levada moinho com frondosa latada de videira emoldurando a fachada. Deixo por agora o " munho ", vamos entrar no lagar tal qual recordo,
A direita no canto ficava o pio e galgas, para fabrico da massa de azeitona. A roda motora funcionava do lado exterior, frente a porta do moinho.
Ao fundo do lagar, canto oposto ao pio ficava, a vara, fuso, e grosso maço de madeira .Recordo aperto as ceiras, obrigava a esforço enorme do lagareiro e ajudantes. Lembro observar ritual de fazer rodar o fuso e trabalheira que isso obrigava.
O ultimo lagareiro deste lagar seria meu pai António Carloto, na época seguinte, retomou actividade no lagar de São Sebastião. Meu avô João Carloto, durante muitos anos, responsável pelo lagar do Cabecinho,fez questão assistir ao trabalho do filho no derradeiro ano de laboração do lendário " azeitário".
No lagar de baixo massa vinda do pio colocada nas ceiras era transportada numa pequena carreta,e colocada no " peso " da vara,para extracção do azeite.
O açude ou caneiro onde começava levada conduzindo água para o lagar, denomina-se caneiro das Gaeiras,construido por volta de 1860,serve igualmente como sortidor para rega de propriedades agrícolas, através da levada dos Lodeiros.
A Camara Municipal anunciou obras de reabilitação da zona do cabecinho, incluindo recuperação do moinho e lagar. Ainda bem, será mais valia para a nossa querida Pampilhosa.
Trecho da levada dos lodeiros , depois da curva ao fundo da capela de Santo António.