Arrabalde da Vila de Pampilhosa da Serra , no antigo caminho na direcção da aldeia da Póvoa, rodeando a quinta de São Silvestre , seguindo a " levada " que aduzia água da Ribeira da Póvoa, para regar aquela quinta, havia sitio denominado , " Praia da Cadela" onde os habitantes do burgo se deslocavam para recolher lenha e pinhas destinadas as " fogueiras " domésticas, A grosso modo a " praia " situava-se na encosta seguinte onde fica estádio Municipal da Pampilhosa.
O nome de Praia da Cadela , teve origem no facto de durante muitos anos, no final do Século XIX, alguma ou algumas " mulheres da vida " exerciam ali ,principalmente, nos dias de feira, a profissão mais antiga do mundo.
Convém referir nesta época a feira realizava -se, mensalmente , durante dois dias seguidos,instalada na " Foz da Moira " terreno onde hoje está " antiga resineira " e o lar de cuidados continuados da Misericórdia.
Indaguei há muito tempo se seriam mulheres residentes na Vila . Obtive como resposta, " olha não sei se eram das nossas ou não " Assim a praia seria frequentada por gente não sei donde; nem interessa...
A imagem mostra a lomba da " praia " , onde aparece bem vincada estrada carreteira do alto da quinta das garrazelhas
No apontamento anterior , " descansamos nas alminhas de Vale Covo sitio emblemático da Freguesia de Pampilhosa da Serra; retomamos caminho, direcção a sudoeste, a meio da encosta, agora em Maio apesar do incêndio , coberta de estevas floridas. Do carreiro avistamos a outra margem da Ribeira, com empinada lomba,onde outrora ,brinquei em denso pinhal, de árvores de grande porte , o pinhal da Ribeira , o mais produtivo destas paragens, pouco adiante , ficavam os castanheiros do Ti Manolito, hoje desaparecidos, e o grande olival da Covanca pertença de várias pessoas da Vila, agora , coberto de mato , aonde resistem tristes e decrépitas oliveiras.
A ladeira por onde segue o caminho ,acolheu antigamente vinhedo extenso, as " vinhas da quinta " assim conhecidas por pertencerem a quinta dos Silvas, proprietários da " foz de Vale Covo ". A vinha cobria os cabeços até ao Sobral de Baixo, ainda lembro de observar entre os pinheiros algumas videiras, O pinhal que abafou as vides, tinha grande importância económica, chegou contarem-se ali 20.000 sangrias, muito rendimento sem qualquer trabalho ,justifica fim da vinha.
Continuando atingimos a barroca do " algar ", já foi de férteis lameiros de milho. Seguidamente deparamos as ruínas da aldeia onde chegaram a viver meia centena de moradores, denominada Rio ou também Foz do Sobral
Antes e durante a segunda guerra mundial, teve morador, personagem lendária, em toda a região, conhecido por Manel Porquieiro , ou Manel do Rio , negociava compra e venda de suínos, e resina. Negócio deveria muito rentável , até dispunha de telefone, ligado ao posto da guarda, na vila, actividade empresarial, prestava-se a conversas e conjecturas.
Depois da guerra voltou para América do Norte, dizia-se que teria emigrado posteriormente para Angola, lá ficou para sempre.A Foz do Sobral na actualidade resume-se um conjunto de paredes chamuscadas no interior das quais despontam silvas e solgaços ; sitio melancólico, ermo , propício a fantasiosas congeminações.
Na margem da ribeira; ruínas de moinho junto ao açude ou caneiro. Prosseguimos lomba fora até alcançarmos aldeia dos Covões. Fiquemos aqui até ao próximo " escrito ". A foto mostra o caminho a meio da encosta , tal qual estava décadas passadas