FUNERAL REALIZADO EM 1931 NA VILA DE PAMPILHOSA DA SERRA
Quinta feira 17 de Setembro, nas primeiras horas da manhã os sinos da igreja matriz dobraram a finados, "toques", anunciavam morte de paroquiano do sexo masculino. Rapidamente o povo reconheceu ter exalado último suspiro, o filho de figura grada da sociedade Pampilhosense da época, Sr. António Carlos de Oliveira, igualmente de nome António. Jovem de 23 anos de idade sucumbiu à tuberculose, a doença grassava por todo o país com intensidade devido à penúria e miséria originadas pela grande crise de 1929, que atingia Portugal com dureza, não poupando ninguém.
Tudo indicava, triste acontecimento nada mais do que isso, todavia o funeral realizado pelas 10 horas da manhã do dia seguinte, iria impressionar a população da Vila.
Sendo pessoa importante, benemérito da filarmónica, os dirigentes da música, fizeram questão de manifestar intenção de acompanhar musicalmente o frétero. António Oliveira recusou. Não desejava pompas no funeral. Assim procurou as pessoas mais pobres da Pampilhosa, a quem deu esmola para conduzirem até a última morada o caixão do querido defunto.
O cortejo saiu da casa da residência familiar rumo ao cemitério, nele se incorporaram a Irmandade do Santíssimo Sacramento, da qual meu avô materno ao tempo era Irmão Mor, as pessoas mais destacadas do burgo, e multidão enorme de povo.
Durante muito tempo não se falou de outra coisa senão no facto da urna do filho de abastado Pampilhosense ter sido levada aos ombros dos mais pobres e humildes da sociedade da Vila. Havia quem dissesse ser manifestação de "vaidade" e poder, nunca mais na vila, houve nada igual.Foto da Pampilhosa em 1931.(arquivo histórico CMPPS).